Biodigestão anaeróbica da vinhaça de cana-de-açúcar em condições mesófilas usando esterco como inóculo

  • Carlos Eduardo de Farias Silva Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. Departamento de Engenharia Química http://orcid.org/0000-0002-1462-1145
  • Ana Karla de Souza Abud Universidade Federal de Sergipe (UFS ), São Cristóvão, Sergipe, Brasil. Departamento de Tecnologia de Alimentos
Palavras-chave: biometano, concentração de inóculo, digestão anaeróbia, esterco, vinhaça.

Resumo

A vinhaça de cana-de-açúcar é um dos resíduos mais poluidores da indústria sucroalcooleira brasileira, principalmente pelas suas características nocivas ao meio ambiente, como o elevado teor de matéria orgânica e acidez. A digestão anaeróbia é um método altamente eficiente de tratamento de efluente e pode ser usada para tratar este resíduo. O estudo aborda a biodigestão anaeróbia de vinhaça de cana-de-açúcar em condições mesófilas (30 - 45°C), variando a concentração de inóculo (0,5 a 5,5%) e o pH (6 - 8). Foram verificados a remoção de DQO (Demanda Química de Oxigênio) e o teor de sólidos totais, além do rendimento e composição do biogás após a biodigestão da vinhaça. A vinhaça foi eficientemente digerida sob condições mesófilas em 23 dias de TRH (Tempo de Retenção Hidráulico) e 5 dias de fase acidogênica, com consequente redução de DQO (54 ‑ 83%) e de sólidos totais de (52 - 87%). As análises estatísticas sugeriram que a temperatura, a concentração de inóculo e o pH não foram suficientes para caracterizar o processo de biodigestão anaeróbia da vinhaça, não apresentando diferença significativa entre os ensaios. Os parâmetros ótimos de operação foram definidos como temperatura entre 30 e 35°C, concentraçao de inóculo de 0,5% e pH entre 6 e 7. Os resultados evidenciam o uso promissor da vinhaça tratada como biofertilizante para a agricultura, indicando a digestão anaeróbia como um processo sustentável e ótima opção para as empresas sucroalcooleiras brasileiras.


Biografia do Autor

Carlos Eduardo de Farias Silva, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. Departamento de Engenharia Química
Doutorando em Engenharia Industrial pela Università Degli Studi di Padova, Itália e Mestre pela Universidade Federal de Alagoas onde também é graduado; ambos em Engenharia Química. Tem experiência na área de Microbiologia, com ênfase em Microbiologia Industrial e de Fermentação, atuando principalmente nos seguintes temas: biodigestão anaeróbica, produção de microalgas em fotobioreatores e fermentação semi-sólida. Participou de estudo por dois anos de biossorventes e sua utilização na remoção de corantes e contaminantes de efluentes da industria têxtil. Ha também conhecimento em tecnologia de frutas e hortaliças, atuando em conservação e controle de qualidade em sucos, néctares e concentrados de frutas; produção de bebida fermentada e vinagre. Desenvolvendo projetos com etanol de segunda geração a partir de resíduos da fruticultura.
Ana Karla de Souza Abud, Universidade Federal de Sergipe (UFS ), São Cristóvão, Sergipe, Brasil. Departamento de Tecnologia de Alimentos

Professora no Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Sergipe, tem como interesses de pesquisa a gestão estratégica de tecnologia e inovação no aproveitamento e recuperação de resíduos através de processos biotecnológicos, em processos de fermentação, produção de enzimas e goma xantana, controle de qualidade de produtos e processos, biocombustíveis e biorremediação. 

Publicado
25/10/2016
Seção
Artigos