Pagamento por serviços hídricos a agricultores familiares na Amazônia oriental: desafios e perspectivas

  • Ricardo de Oliveira Figueiredo EMBRAPA Meio Ambiente
  • Jan Börner Center for Development Research (ZEF), University of Bonn
  • Eric Atlas Davidson The Woods Hole Research Center
Palavras-chave: Qualidade de água fluvial, hydrobiogeoquímica, boas práticas agrícolas, manejo de bacia, pagamento por serviços ecossistêmicos

Resumo

Diversos estudos hidrobiogeoquímicos têm sido realizados na Amazônia oriental para contribuir no entendimento sobre como as mudanças em ecossistemas florestais e agroecossistemas afetam a provisão de serviços ecossistêmicos. Os seus resultados demonstram que as boas práticas agrícolas e a presença da vegetação secundária favorecidas pelo manejo agrícola na agricultura familiar são fatores importantes para a ciclagem hidrobiogeoquímica, a conservação do ecossistema aquático, a conservação dos solos e a mitigação das emissões de gases traço oriundos da queima de biomassa em pequenas bacias amazônicas. Neste contexto dois desafios se apresentam para a gestão dos serviços hídricos. Primeiramente observa-se que a baixa densidade populacional e o relevo relativamente plano resultam que uma massa crítica de beneficiários a jusante de tais serviços - um prerequisito para a intervenção pública - torna-se de mais difícil sua identificação do que em áreas montanhosas mais densamente povoadas. Em segundo lugar, os provedores de serviços hídricos (produtores rurais) sejam em certa medida também beneficiários, os conflitos de terra e a heterogenidade cultural entre eles inibe uma ação coletiva local para salvaguardar a qualidade da água. A inclusão de agricultores familiares em arranjos para pagamento por carbono que compensem a manutenção da vegetação ripária parece ser uma solução financeira efetiva para assegurar os serviços hídricos como benefícios adicionais na mitigação das mudanças climáticas com base na conservação de florestas.

Biografia do Autor

Ricardo de Oliveira Figueiredo, EMBRAPA Meio Ambiente
Ricardo Figueiredo, pesquisador da EMBRAPA Meio Ambiente (Jaguariúna/SP), é engenheiro agrônomo (UFRRJ - 1980) e atua na área da Biogeoquímica de Bacias com ênfase na sua relação com a Agricultura Tropical. Titulou-se como Doutor em Ciências Ambientais pela UENF (1999), desenvolvendo a tese intitulada Transporte de Carbono e Nitrogênio no Baixo Paraíba do Sul: fluxos e processos . Titulou-se anteriormente como Mestre em Geociências, desenvolvendo dissertação na UFF (1996), cujo título foi Fluxos Hidrogeoquímicos e sua Relação com Fatores Ambientais nas Bacias de Drenagem do Sistema Fluvio-Lagunar de Maricá-Guarapina / RJ. Sua formação conta também com uma Especialização (Latu sensu) em Planejamento Ambiental, área de concentração Gerenciamento de Bacias Hidrográficas ministrada pela UFF (1991). Carioca, mudou-se para Belém em 1999 para ingressar no IPAM, onde por 3,5 anos coordenou projetos e realizou pesquisas em Biogeoquímica de Pequenas Bacias e sua Relação com o Uso da Terra, como atividade de pós-doutoramento pelo Woods Hole Research Center, Massachussets, EUA. Em 2002, após aprovação em concurso público, Ricardo ingressou na EMBRAPA Amazônia Oriental, onde como líder de projetos em rede avaliou os efeitos das mudanças de uso da terra sobre a hidroquímica fluvial em bacias amazônicas, até sua transferência para a unidade embrapiana em Jaguariúna, SP, no início de 2011. Destaca-se também que, em 2008 Ricardo realizou outro pós-doutoramento - Warnell School of Forestry and Natural Resources, University of Georgia, EUA, e que desde 2005 tem atuado como docente e orientador no Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais (UFPA/MPEG/EMBRAPA).
Eric Atlas Davidson, The Woods Hole Research Center
President and Senior Scientist
Publicado
27/08/2013
Seção
Artigos