Revisão sistemática da nanotecnologia verde nos Andes: biossíntese e aplicações de nanopartículas a partir de Chara globularis
Resumo
Chara globularis, uma macroalga submersa amplamente distribuída no Lago Menor do Titicaca, cobre aproximadamente 436 km² mais de 60% do leito vegetado do lago formando densas pradarias subaquáticas entre 5 e 10 metros de profundidade. Sua relevância ecológica reside na capacidade de precipitar carbonato de cálcio e co-precipitar fósforo, melhorando a clareza da água e modulando o ciclo de nutrientes em ambientes oligotróficos de alta altitude. Para além de suas funções ecossistêmicas, C. globularis emergiu como um promissor recurso biológico para a síntese verde de nanopartículas metálicas, oferecendo uma alternativa sustentável e de baixo custo aos métodos convencionais. Extratos ricos em fitoquímicos de C. globularis são utilizados para sintetizar nanopartículas de cobre, prata e ouro, com mudanças colorimétricas visíveis que confirmam sua formação — marrom para nanopartículas de cobre (CuNPs), marrom-avermelhado para nanopartículas de prata (AgNPs) e rosa-rubi para nanopartículas de ouro (AuNPs). Essas nanopartículas biogênicas apresentam alta estabilidade e grupos funcionais de superfície, conforme confirmado pelas análises de Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR), Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) e Difração de Raios X (XRD). Seu tamanho nanométrico (tipicamente entre 10–80 nm) e biocompatibilidade as tornam adequadas para diversas aplicações em biomedicina (terapias antimicrobianas e anticâncer), agricultura (nanofertilizantes e controle de pragas) e remediação ambiental (tratamento de águas residuais e remoção de metais pesados). Este estudo destaca o duplo valor de C. globularis como espécie-chave nos ecossistemas aquáticos andinos e como plataforma para nanotecnologia eco-inovadora. A integração bem-sucedida da biodiversidade nativa com a ciência de materiais avançada não apenas promove tecnologias limpas, mas também reposiciona C. globularis como um recurso natural estratégico para o desenvolvimento sustentável de regiões de alta altitude como o Lago Titicaca.
Palavras-chave: macroalga, macrófita, nanoestruturas, síntese verde.
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